Sunday, June 15, 2008

La otra conquista


A escolha deste país foi motivada pela assinatura do Plano México, que infelizmente se assemelha ao nosso já velho conhecido Plano Colômbia não somente no nome...

“La otra conquista” (Salvador Carrasco, México, 1998) é, sem dúvida alguma, um filme com nome instigante. Como fica claro já no primeiro contato com a obra, esta se propõe a mostrar uma visão diferente daquela tradicionalmente apresentada sobre a chegada dos espanhóis nas hoje chamadas terras mexicanas e dos fatos que se sucederam após o ‘encontro’.
No entanto, durante toda a sua duração, foi impossível não me perguntar reiteradas vezes: que outra história o diretor/roteirista pretendeu contar? E em que medida a trama que acompanhamos na tela é outra?
Apesar de ter encontrado na crítica inúmeros elogios ao filme, ao terminar de vê-lo senti ter sido enganada. A outra história que tanto esperava simplesmente ficou na superfície. Sim, porque se acompanhando a ascensão dessas outras narrativas e o aumento do cuidado com a representação do outro o filme traz os indígenas falando em sua língua materna e atores com feições correspondentes a tal etnia interpretando-os, a crítica pára por aí.
Além disso, o que se vê é um conteúdo tradicional em um formato idem. Na verdade é ainda pior do que aparenta, pois se tem a impressão que a obra tentou ser Hollywood, mas não conseguiu. O fato de ser uma super-produção de época, clássica-narrativa, com fotografia rebuscada e pretensões realistas contrasta com planos esquisitos dentro do cânone mais tradicional do cinema e elipses que muitas vezes dificultam a compreensão do desenvolvimento da trama.
E a apregoada “outra conquista” nada mais é que uma versão da história já bastante conhecida. Em primeiro lugar, isenta a Igreja de sua responsabilidade. Quem erra são os governantes que agem em seu santo nome, e não seus representantes terrenos humanistas ou ainda seus santos (e aqui merece destaque a cena na qual a Virgem Maria chora ao ver Topiltzin ser acossado em praça pública).
Há também uma total desconsideração pelos problemas de dominação/subordinação que existiam no Império que os espanhóis ‘descobriram’. Do modo como é mostrado, parece que a paz reinava naquela localidade e não havia conflito anterior, o que dificulta a compreensão de uma série de relações de colaboração as quais se estabeleceram na época e que o filme apresenta em termos de caráter ou falta dele.
Por fim, o discurso da obra nos leva a concluir que o México de hoje é uma mescla homogênea e não problemática da cultura autóctone com a forânea, em um processo extremamente violento, mas que ao fim conseguiu ser superado e conjugou o melhor de cada uma delas. Assim, os espanhóis conseguiram neutralizar os sacrifícios humanos que eram realizados, ao mesmo tempo em que tiveram as justificativas para sua violência
abaladas.

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