Monday, May 25, 2009

Un crisantemos estalla en cinco esquinas


Alguém pode me explicar como a Hebe Bonafini ainda defende o Kirchner?

Há muito tempo tentava assistir a Un crisantemo estalla en cinco esquinas (Argentina/Brasil/Espanha/França, 1998), o primeiro longa-metragem do aclamado diretor Daniel Burman – um dos grandes nomes da produção cinematográfica contemporânea que ficou conhecida como Nuevo Cine Argentino. É interessante o quanto acompanhar a obra de um artista de maneira errante pode levar o telespectador, e mesmo o estudioso, a conclusões ou teorias equivocadas. Embora nunca tenha desenvolvido nenhuma análise mais aprofundada sobre as produções deste realizador, assisti a todas que foram lançadas comercialmente no Brasil (Esperando al Mesias – 2000, El abrazo partido – 2003, Derecho de família – 2005 e Nido Vacío – 2008). Considerava, portanto, ter alguma autoridade para tecer considerações a respeito de sua trajetória. Até ver Un crisantemo estalla en cinco esquinas. Este filme não se passa nos dias de hoje, nem em uma grande cidade, nem neste século ou mesmo no passado. Sua estrutura não é clássico-narrativa, seus planos não estão ordenados de modo a estabelecer relações de causa e conseqüência, sua direção de arte e sua fotografias não são realistas. Não que nos outros filmes citados não pudesse ser encontrada, vez ou outra, alguma dessas características. Contudo, todas juntas, e com tal intensidade, parecia algo inédito – a despeito de, como já foi falado, ser uma ópera prima. Ao contar uma história de gauchos, na qual Erasmo, o protagonista, não conseguindo escapar da guerra (seus pais o abandonaram para fugir dela, sua mãe de criação é violentada e morta por participante dela) ingressa em suas fileiras para fazer justiça com as próprias mãos, Burman adota um estilo e uma narrativa que abandonará completamente em seus passos ulteriores. Uma opção que deve ter se pautado nas preferências do autor, posto que Un crisantemo estalla en la esquina é bastante bem-sucedido em sua fuga das convenções do cinema hegemônico. O que com certeza não acontece por acaso, já que se trata de um grande cineasta e que, ainda por cima, está muito bem acompanhado. Refiro-me especificamente a Esteban Sapir, que desempenha os papéis de diretor de fotografia e operador de câmera. Como Burman, se trata de um jovem diretor. Como Burman, começou sua carreira no começo dos anos 1990 e, de lá para cá, realizou um número expressivo de obras. A grande diferença entre ambos, que determina que apenas um seja conhecido, ao menos do público cinéfilo internacional, é o fato de Sapir ser filiado ao gênero experimental, com o qual o realizador de Un crisantemo estalla en cinco esquinas no máximo flerta em suas obras subsequentes. Uma curiosidade sobre esta realização é que, se na maioria dos quesitos é bastante singular, identifica-se nela algo que atravessa toda a cinematografia de Burman: a presença judaica. O protagonista de El Abrazo Partido, o destino do casal principal de Nido Vacío, entre tantos outros elementos os quais podem ser facilmente constatados, podem encontrar suas origens no curioso papel interpretado por Martin Kalwill. Agora, após Un crisântemo estalla en cinco esquinas, entendo melhor a resposta de Burman a um jornalista que o questionava por estar se afastando da “temática da crise”: “creio que essa pergunta revela um preconceito eurocentrista de que os diretores de países subdesenvolvidos devem mostrar em todos os seus filmes o quanto somos subdesenvolvidos. Ninguém cobra dos diretores franceses que eles mostrem as pessoas queimando carros nos Champs Elysées, mas isso tem ocorrido com muita freqüência lá.”. Talvez a revolta do cineasta – plenamente justificada – tenha a ver com o fato de, desde o início, ter transitado por outros terrenos. A gente que não sabia...

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